A Cidadela Medieval de Carcassonne

Vista das muralhas de Carcassone

A história de Carcassonne é muito antiga e remonta ao passado em que os celtas dominavam toda aquela região. A partir do século I são os romanos que entram em cena e passam a ocupar seu lugar. Depois vieram os visigodos do leste Europeu e os sarracenos de Barcelona. Apenas em 1067 esta cidadela fortificada retorna aos domínios franceses. A partir de então, passou a haver um revesamento de posse da propriedade entre famílias aristocratas ao longo dos séculos, incluindo um período que esteve sob o domínio dos cátaros.

As marcas culturais deixadas por todos estes períodos de ocupação, estão refletidas principalmente na arquitetura dos prédios seculares, que compõem a paisagem citadina, bem como no seu traçado urbano, de ruazinhas estreitas e irregulares, não obstante muito charmosas.

Em 1659, a assinatura do Tratado dos Pirineus entre França e Espanha garantiu aos franceses a posse e incorporação da zona do Roussillon. Assim, Carcassonne, que fazia parte desta área, perde sua importância militar e política. A partir daí, a chamada Cidade Baixa, que havia começado a se desenvolver a partir do século XIII na margem esquerda do rio Aude, acaba tornando-se um importante centro comercial e de manufatura de tecidos de lã.

Em pleno século XVII, enquanto a parte ‘baixa’ florescia, La Cité transformava-se em ruínas. No século XIX, não fosse a intervenção do escritor Merimée junto às autoridades, Carcassonne já não mais existiria – o Ministério da Guerra chega a autorizar sua demolição para aproveitamento das pedras em outras construções. Em seguida entra em cena o arquiteto Viollet-le-Duc, arquiteto parisiense e um dos maiores teóricos da preservação do patrimônio histórico, que realizou o trabalho de restauro deste patrimônio.

Encerradas as reformas que levaram mais de 30 anos, ainda no século XIX essa obra prima medieval torna-se alvo dos turistas ingleses, que visitavam a cidade principalmente durante a temporada de verão. Desde então, recebe milhares de turistas vindos de todas as partes da Europa e do mundo.

Atualmente, Carcassonne é tida como um excepcional exemplo de cidade fortificada medieval, com muralhas defensivas circundando todo o castelo e as casas construídas dentro de seus domínios, suas vielas muito bem preservadas e mantidas com os traçados originais, e a imponente catedral gótica que teve sua construção iniciada em 1096. Por conta de todos estes predicados, em 1997 foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Mundial.

Para facilitar a vida dos milhares de turistas que visitam La Cité durante todo o ano, suas antiquíssimas casas, dispostas ao longo das colossais muralhas e ao redor da praça central, foram transformadas em restaurantes, bares, cafés, livrarias, hotéis e lojas onde pode-se comprar souvenirs e peças de artesanato. Porém, todos estes estabelecimentos mantiveram a ‘decoração’ medieval.

Fortaleza de Carcassonne

As principais atrações da Carcassonne antiga são a Basílica de St-Nazaire, igreja gótica construída entre os séculos XI e XIII, e considerada a ‘jóia da fortaleza’. Decorada com magníficos vitrais, também abriga um antiquíssimo órgão em pleno funcionamento e que, durante a temporada, faz-se ouvir por toda a cidadela; entre as muralhas também encontramos o Castelo dos Viscondes, construído no século XIII por Simon de Montfort e, especialmente, por Luís IX. É cercado por um fosso e protegido por 9 torres.

Não importa para onde se vá, tudo evoca o passado de quase mil anos de La Cité. Percorrendo as muralhas de Carcassonne por fora, tem-se a verdadeira dimensão do tamanho desta fortaleza. Quando conhecemos a história do lugar, não é difícil começar a imaginar todos os cavaleiros que defenderam aquele lugar, as invasões de que foi palco e as famílias aristocratas que viveram sob a proteção do castelo. Cruzando a ponte levadiça que nos leva ao interior, olhamos para baixo e podemos ver um lindo tapete de grama verde onde, adivinhamos, foi um profundo fosso.

E para completar a atmosfera, durante a alta temporada, ainda pode-se assistir à belas apresentações de torneios medievais e de falcoaria, com cavaleiros trajados à moda dos antigos cruzados. Isso sem contar com as visitas guiadas, onde somos levados a conhecer a cidade a bordo de carroças.

La Cité de Carcassonne está situada entre as cidades de Toulouse e Montpellier. Portanto, se está visitando o sul da França, não deixe de visitar Carcassonne. Este é um daqueles lugares que parece ter cogelado no tempo e no espaço; somos remetidos ao um passado longínquo que, até então, nos era acessível apenas através de livros e filmes de época.

Caso tenha ficado interessado, procure fazer reservas de hospedagem com certa antecedência, principalmente se estiver indo para lá no verão. Os albergues são uma boa pedida para quem está com o orçamento apertado. Para reservas online, acesse o HostelsClub. Se preferir ficar num hotel dentro de La Cité, recomendo o Hôtel de la Cité.

Foto: Spixey, emmerille no Flickr

A Velha York: uma dama moderna com ares medievais

Vista aérea da York

York está situada nas confluências dos rios Ouse e Foss, ao norte do condado de Yorkshire, na Inglaterra. Fundada em 71 d.C. pelos romanos, chamava-se, então, Erboracum. Depois vieram os anglo-saxões, que a chamaram de Eoforwic e, finalmente, os vikings, que a batizaram de Jorvik. Foi apenas com a conquista normanda da região que esta adotou o nome que carrega até hoje – York.Todos estes povos deixaram marcas profundas na região, que incluem desde a arquitetura de seus prédios até a influência de suas respectivas línguas no vocabulário da língua inglesa.

Atualmente, pode-se dizer que a cidade de York, mesmo com seu centro histórico cercado por muralhas medievais, não está dando conta da mais nova orda de invasores – os turistas. Mas não é para menos. A cidade encanta logo à chegada. Notória por abrigar um imenso patrimônio cultural, herança de seus quase 2000 anos de história, a cidade atrai visitantes de todas as partes do mundo. É perfeita para quem quer conhecer melhor a história britânica e a influência cultural que recebeu  dos vários povos invasores, como também para aqueles que apenas desejam um final de semana romântico.

York é muito conhecida por sua requintada, e muito bem preservada, arquitetura, da qual seus habitantes tanto se orgulham, pelo emaranhado de ruas calçadas, com curiosas pedras arredondadas, e também pela famosa Catedral Gótica. Mas existem alguns lugares a serem visitados e que não são tão óbvios assim. A cidade de York é toda cortada por ruelas medievais, que foram preservadas do surto de modernidade, mas difíceis de serem ‘notadas’ pela maioria. Vale muito o risco de perder-se nestas vielas labirínticas e fugir da multidão.

Mas a rua que transformou-se num dos ícones da cidade de York seria a famosa Shambles. Localizada no centro histórico, foi eleita como a mais pitoresca de todo o Reino Unido. No século XIII, era na Shambles que os açogueiros de York mantinham suas casas comerciais. De estilo normando, estas casas-açougues tiveram seus andares superiores construídos de forma a projetar-se para a frente. A explicação é simples – proteger os produtos expostos nas vitrines, do sol que incidia, em determinados horários do dia, nos andares inferiores. Por isso, em alguns trechos da Shambles, tem-se a a impressão de que alguns andares superiores destes prédios estão a ponto de se tocar. Inclusive, é uma das únicas que ainda conserva vários prédios construídos no século XIII, bem como o traçado original – irregular e sinuoso – das ruas.

Shambles street, em York

Atualmente, a Shambles mantém sua vocação comercial. Porém, com produtos e estabelecimentos bastante diversos do que foram há algumas centenas de anos atrás. São vários restaurantes, pubs, cafés, lojas de souvenirs e artesanatos que fazem a alegria dos turistas.

Em 1066, York era uma região estratégica na defesa do norte inglês. Assim, William, o Conquistador, construiu na região dois castelos nos anos imediatos à sua conquista, sendo que o primeiro foi no ano de 1068. O objetivo era proteger a área daqueles que se opunham às conquistas normandas. Dos dois castelos nada restou. Entretanto, no ano 1245 foi construído, na mesma colina onde antes localizava-se um daqueles castelos, a de Torre de Clifford (Clifford`s Tower). Esta fortificação militar do século XIII, situada na zona leste de York, encontra-se num estado de conservação razoável e vale uma visita. Além do mais, o lugar proporciona uma visão panorâmica de boa parte da região.

Além de estratégica, York também teve grande importância religiosa para a fé cristã da época. O local hoje ocupado pela Catedral de York (York Minster) já deu lugar a diversas outras igrejas de estruturas rudimentares. A primeira delas, com estrutura de madeira, foi erguida no ano de 627, especialmente para o batismo do rei anglo-saxão Edwin da Notúmbria. Mas a atual catedral, a maior no estilo gótico do norte da Europa, começou a ser construída em 1220 e terminou apenas em 1470. Várias outras reformas foram feitas a partir daí, mas a estrutura original foi mantida.

Mesmo que não se pertença a qualquer religião, o ambiente austero da York Minster acaba nos conduzindo, quase sem querer, a uma atitude de reverência não às crenças em si, mas ao portentoso monumento. Para completar o painel, York Minster ainda conta com 128 vitrais medievais, sendo que alguns remontam ao século XII.

Depois da Catedral de York, a sugestão é uma visita ao Museu do Castelo de York. Este museu recriou a famosa rua vitoriana chamada Kirkgate, ladeada por casas de época, carruagens, luminárias a gás e bonecos de cera em tamanho real. É um verdadeiro mergulho na atmosfera da época.

Outra grande influência sobre a cultura da região foram os vikings, que a habitaram há 1000 anos. Trinta anos atrás, escavações arqueológicas revelaram um verdadeiro tesouro  – casas, oficinas e artefatos muito bem conservados, da época em que o povo viking dominou a região.

No local onde as escavações foram realizadas, vinte e cinco anos atrás foi construído o Centro Viking de Jorvik (Jorvik Viking Centre) (), que abriga uma cidade viking recriada para proporcionar uma experiência inesquecível aos seus visitantes. Durante o passeios, pode-se conhecer as casas em que viviam os vikings, ouvir conversas na língua que era falada por eles, sentir o cheiro das refeições sendo preparadas, observar o trabalho dos artesãos, dentre outros. Esse é o tipo de atração indicada para todas as idades.

A cidade ainda oferece várias outras opções de entretenimento e são muitos os locais considerados must see. Mas caso não disponha de muito tempo, pode ter certeza que os passeios aqui indicados lhe darão uma ótima idéia sobre este, que é um dos destinos mais procurados pelos turistas que visitam o Reino Unido.

É possível percorrer toda a cidade de York a pé. Além do quê, não há melhor forma de explorar a cidade e captar todas as nuances possíveis. Mas se preferir, há também alguns locais onde você pode alugar bicicletas. Apenas evite o carro ou acabará perdendo muito deste passeio.

Fotos: John-Morgan, no Flickr

Noruega, terra dos vikings e dos fiordes

Paisagem natural da Noruega

Não se sabe muito sobre o passado remoto norueguês. Grande parte de sua história está baseada em lendas, nas sagas que contam as aventuras do belicoso povo Viking, um dos mais temidos do mundo antigo, ou descrita em alguns textos clássicos a partir do século I dC.

Até finais do século IX, a Noruega, juntamente com Dinamarca e Suécia, formavam um só território, conhecido como Península Escandinávia. Na época, as terras eram divididas entre chefes tribais que governavam de forma independente suas tribos. Até este período da história, a região era pouquíssimo conhecida pelos povos do sul europeu. Não passava de uma referência geográfica, que indicava onde o mundo terminava. Foi no período de expansão marítima destes povos nórdicos, iniciado em finais do século IX, que esse quadro modificou-se e a fama viking alastrou-se pelo mondo conhecido.

Atualmente, a  Noruega é famosa pelas suas paisagens de belezas naturais muito bem preservadas – cerca de 90% de seu território é formado por campos e florestas. No inverno, às três horas da tarde, o céu norueguês já está coberto de estrelas, e seus campos, de neve.Esta é a época em que a população sai para esquiar nas montanhas ou praticar o snowboard. Na estação mais quente do ano, entre os meses de julho e agosto, o sol começa a ser pôr a partir das dez horas da noite. Por isso ficou conhecida como a ‘Terra do Sol da Meia Noite’.

Apesar do interior do país ser muito frio – um cadeia de montanhas atravessa esta faixa de terra em todo o seu comprimento – a faixa litorânea durante o verão tem o clima amenizado pelas correntes do Golfo do México, alcançando temperaturas médias de 30°C. Portanto, ocasião perfeita para passeios de barco em meio ao deslumbrante cenário dos fiordes.

Quase toda a extensão da costa norueguesa é habitada. Sua paisagem é pontuada por praias belíssimas, cidades costeiras bastante movimentadas e prósperos vilarejos de pescadores.
Mas é na costa sul que os verões conseguem atingir as mais altas temperaturas do país, chegando à marca dos 35°C. Já a costa oeste é famosa pelos esportes aquáticos – rafting, mergulho, atividades de pescaria, e muitos outros. Na costa norte é onde estão concentradas a maior parte das vilas de pescadores, sendo que algumas delas parecem ter parado no tempo.

Os fiordes noruegueses

Espetáculo de rara beleza, os fiordes são antigas depressões, escavadas nas montanhas pelas grandes geleiras na era glacial, e posteriormente invadidas pelo mar. Estas impressionantes formações geológicas, que recortam todo o litoral norueguês e avançam pelo interior do país, são os mais extensos e escarpados do mundo. Nos passeios de barco, paredões imensos, montanhas e picos esplêndidos erguem-se imponentes em ambos os lados; nos canais, que se alargam e estreitam durante todo o percurso, as águas variam do azul claro ao verde esmeralda, pois são alimentados pelas águas de rios e degelo.

Fiorde na Noruega

Em alguns locais nos fiordes formam-se corredeiras, perfeitas para a prática do rafting, e até algumas cascatas que descem pelas montanhas, como aquelas batizadas de ‘As Sete Irmãs’ e ‘O Pretendente’, ambas no fiorde de Geiranger (Geirangerfjord) , porém cada uma em um extremo. Dizem que o ‘Pretendente’ tenta namorar uma das ‘Sete Irmãs’ do outro lado.

Outras atividades muito populares são a pesca, praticada principalmente por pescadores locais, e a canoagem. Na parte terrestre, as montanhas nos arredores são indicadas para quem gosta de praticar o trekking (caminhadas em trilhas) ou andar à cavalo. Durante os meses de inverno, esquiar torna-se a principal atividade. Em 2005, este fiorde entrou para a lista de Patrimônio da Humanidade, da UNESCO.

Mas se o fiorde de Geiranger é o mais popular, o de Sogne (Sognefjord) ganha em termos de tamanho – é o maior e mais profundo fiorde norueguês e o segundo maior do mundo; seus paredões alcançam mais de 1000 metros de altitude.

Respectivamente em 2009 e em 2011, por conta deste espetáculo da natureza, a Revista National Geographic  Traveler elegeu os fiordes noruegueses como uma das melhores atrações turísticas naturais do mundo.

Que tal se hospedar em um farol?

Ao longo da costa também encontramos vários faróis, localizados na ‘boca’ dos fiordes. Todos foram gradualmente desativados e a maioria transformados em acomodações para turistas. Fica-se hospedado nas casas anexas aos faróis, nas antigas moradias dos faroleiros. Hoje já são mais de 50 faróis que oferecem este tipo de serviço.

Localizados próximos a vilarejos de pescadores, esta experiência de hospedagem tende a ser bastante interessante. Em alguns casos, você estará completamente sozinho e imerso numa quietude que chega a assustar os mais habituados aos barulhentos centros urbanos. Em outros casos, você será convidado pela hospitaleira comunidade das vilas a participar de suas atividades habituais, como ir até os pubs locais e só sair de lá altas horas da noite ou sair para pescar com os nativos.

Oslo, a capital norueguesa

Cidade litorânea construída no fundo de um fiorde, Oslo já conta com mais de 900 anos de história e é a capital mais antiga da Península Escandinava. Uma de suas áreas mais movimentadas é a Aker Brygge. Antiga área portuária, foi reformada e hoje conta com muitas lojas, cinemas, bares e restaurantes.

Oslo é uma cidade com uma intensa vida cultural. Mas é no centro da cidade, na rua principal, a Karl Johans e proximidades, que estão concentrados os principais monumentos e prédios históricos, como o Museu Nacional de Oslo (Nasjonalgalleriet) , que possui o maior acervo de obras de arte da Noruega;  o Museu Munch, que reúne obras do artista Edvard Munch, o pintor da famosa obra “O Grito”; o Museu Ibsen, dedicado à vida e obra do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828 – 1906); e Kongelige Slottet, palácio dos reis noruegueses, construído entre 1825 e 1848, que, apesar de não estar aberto à visitação, nos seus jardins pode-se assistir diariamente à cerimônica da troca da guarda real. E o prédio da prefeitura de Oslo (Oslo City Hall) , é famoso por ser o local onde o Prêmio Nobel da Paz é entregue. Querendo adquirir algum artesanato, saiba que encontrará muitos vendedores na área próxima ao prédio.

Periferia de Oslo

Além dos seus mais de 50 museus, Oslo ainda concentra uma grande quantidade de parques. O mais visitado é o Vigeland Park, um verdadeiro museu ao ar livre – em uma área de 32 hectares estão espalhadas diversas esculturas de ferro, bronze e granito, criadas a partir de 1924, pelo artista Gustav Vigeland.

Península Bygdoy

É a região de praias a oeste da cidade de Oslo. Restaurantes, cafés e bares distribuem-se por suas ruas e avenidas, além de várias outras atrações, como galerias de arte e museus.

Não deixe de visitar o famoso museu viking – o Vikingskipshuset – que exibe antigas embarcações vikings do século IX. Foram resgatados, em ótimo estado de conservação, a partir de 1867. Todos estavam enterrados junto à tumba dos seus donos, como era o costume daqueles tempos, e estão muito bem conservados.

Outra atração imperdível é o Museu Histórico-Cultural Norueguês (Norsk Folkemuseum). Exibe uma vasta coleção de artefatos e utensílios utilizados na época. As atrações ao ar livre, que acontecem apenas durante o verão, conta como era a vida em aldeia na Noruega desde o século XVI até a presente data.

Fotos: Christian Haugen, Michael Gwyther-Jones, M. prinke no Flickr