
A maioria dos vôos internacionais já está reservada. Quem almeja sair do país voando, além de contar com uma longa espera em diversas listas, acaba pagando um alto valor pelas passagens. As empresas aéreas acabam aumentando os preços diante a alta demanda de passageiros e a baixa infra-estrutura oferecida. Neste quesito o Estado e a Administração são os maiores culpados. O problema não é a falta de aviões, mas sim a precariedade da estrutura dos aeroportos do país.
O fato é que as passagens aéreas receberam um aumento de 50% se contada à média dos últimos doze meses. Mesmo assim a procura interna continua extremamente alta. O passageiro pode facilmente ficar mais tempo no aeroporto do que dentro do avião. A Copa do Mundo está chegando e nem o povo brasileiro está voando.
Existe fila para tudo: pedir informação, tomar um lanche, ir ao banheiro; elas estão cada vez maiores e mais desorganizadas. No ambiente (que por sinal é extremamente abafado devido à precariedade do sistema de distribuição de ar) percebe-se alto nível de estresse, passageiros e funcionários discutem por qualquer tipo de informação.
Fora a gritaria. Como não existem muitos guichês ofertados para atender a alta demanda os funcionários passam as informações aos gritos às pessoas que de tão nervosas não entendem o explicado. Reinicia-se a confusão. Os passageiros querem saber se a culpa é da Infraero ou das companhias, os empregados não sabem responder.
“Desculpe o transtorno, equipamentos em manutenção”. Este é um aviso tão natural nos aeroportos nacionais quanto o som de turbinas de aviões em ambientes aeroportuários. Normalmente a mensagem está pendurada nas portas dos elevadores, por isso, quem é idoso ou possui problema de locomoção deve ter em mente que subir entre os pisos do aeroporto pode ser uma tarefa no mínimo árdua ou constrangedora.
Na verdade a dificuldade existirá para todos, subir diversas malas de viagem em uma escada rolante que normalmente possui pouco espaço entre os corrimãos automáticos não é tarefa fácil. Porém, valer frisar, é bom rezar para elas estarem funcionando no exato momento em que o elevador estiver quebrado – cuja alternativa será a longa caminhada através das diversas escadas de acesso, um verdadeiro caos.
Pobre do estrangeiro que chega ao país sem estar acompanhado de um brasileiro ou sem ter ninguém à espera no saguão de desembarque. A maioria dos funcionários não fala nem o inglês básico, não existe centro de informação para o turista, nem ao menos um folheto informativo. À bem da verdade até mesmo a população nacional fica perdida diante a falta de sinalização sobre os portões de embarque e desembarque. As placas estão todas misturadas, é possível ver a mistura da “orientação” escrita minimamente em detrimento de uma propaganda ou outra informação de qualquer espécie.
O troca-troca de horários no aeroporto
Esteja certo de uma coisa, existe uma chance para 60% de ocorrer mudanças no galpão de embarque e desembarque.
“Houve reposicionamento da aeronave e o embarque será realizado através de outro portão”, está é a frase que mais ouvida nos saguões dos aeroportos nacionais. Também ocorre constantemente problema de falta de ponto de embarque – nestas horas as pessoas se reposicionam na pista sendo transportadas por ônibus da Infraero, acumulando o atraso.
Não se assuste, pois muitas vezes o tempo de um roteiro pode se estender para até dez vezes do programado segundo a média atual de atrasos do gênero. Se existe falta de ponto de pouso ou se está chovendo os aviões que precisam pousar são encaminhados para os aeroportos das Cidades ou Estados vizinhos até que a situação se normalize e os pontos de vôos sejam re-ligados. É o famoso nó na linha de vôo. Nos aeroportos brasileiros dois pontos próximos se tornam rapidamente distante em um piscar de olhos, basta ocorrer um simples problema de qualquer espécie.
Na hora de desembarcar eis a surpresa, poucos aeroportos possuem pontes de desembarque. Ou seja, quando a Infraero não libera ônibus para tráfego de passageiros até o saguão nota-se um aglomerado de passageiros andando pela pista, em uma longa distância, faça chuva faça sol. Fora a eternidade do check-in, onde não existe outra coisa a fazer se não esperar em um ambiente apertado, disputando a mala de viagens com um aglomerado de pessoas.
E depois tem o problema do transporte terrestre. Como exemplo vale ressaltar que São Paulo, a cidade econômica do país, não possui ligação direta entre o metro e o seu principal aeroporto. A verdade é: a maioria dos serviços aeroportuários está explicitamente péssima, a passagem aumentou 50% e o estresse do consumidor subiu para 100%.
Foto: Uggboy no Flickr