Um passeio pela capital mais isolada do Brasil

Cidade de Boa Vista, a capital mais isolada

Localizada no distante Estado de Roraima, Boa Vista é a única capital brasileira localizada totalmente no hemisfério norte. As pessoas ouvem falar da cidade apenas na escola, durante as aulas de geografia, mas poucos brasileiros já visitaram o local. Isso se deve ao fato de Boa Vista não constar nos principais roteiros turísticos do Brasil. Mesmo assim, quem visita a capital roraimense não se arrepende da viagem. Concentração de edifícios públicos numa mesma área, avenidas largas e planejadas e calçadas acessíveis. Esse ambiente lembra um pouco a capital federal, Brasília. O entorno de Boa Vista, porém, oferece muito mais do que a aridez do Distrito Federal, já que se trata da região amazônica.

Situada na margem direita do rio Branco, a moderna cidade abriga uma população de 290 mil habitantes. Número pequeno se comparado ao da maioria das demais capitais brasileiras. Aliás, o Estado de Roraima é o menos populoso do Brasil, com apenas 460 mil habitantes, o equivalente à população da cidade de Mauá, no ABC Paulista. Os roraimenses de Boa Vista costumam ser simpáticos com visitantes de fora. A receptividade faz o viajante esquecer as longas distâncias que separam a cidade dos grandes centros urbanos do Brasil. O pequeno centro histórico de Boa Vista guarda as lembranças da época do “milagre amarelo” do garimpo, como o monumento “O Garimpeiro”, na Praça do Centro Cívico.

De relevo predominantemente plano, Boa Vista quando vista do alto surpreende pelo traçado urbano moderno e pela arborização. As avenidas largas convergem para o centro, lembrando um pouco a cidade de Paris. O centro histórico e cívico da cidade encontra-se às margens do rio Branco. É nessa região onde se encontra as sedes dos poderes executivo, legislativo e judiciário estaduais, no Centro Cívico Joaquim Nabuco. Os edifícios públicos roraimenses são cartões postais da cidade e do estado. A arquitetura das áreas mais antigas, próximas ao rio, guarda o estilo da virada do século XIX para o XX. Algumas construções em estilo neoclássico possuem formas romanas e gregas da antiguidade, como o prédio da Prelazia, patrimônio histórico da capital roraimense. Não deixe de conhecer o Portal do Milênio, monumento construído no final da década de 90 para se comemorar a chegada dos anos 2000. O portal está localizado na Praça das Águas.

Mas Boa Vista é também porta de entrada para outros destinos turísticos do estado de Roraima, como o Monte Caburaí, no extremo norte do país. Já o Monte Roraima, próximo ao ponto setentrional extremo, está na fronteira com a Venezuela e fica a 300 km de Boa Vista. A entrada é permitida apenas pelo lado venezuelano e é necessário ter disposição para caminhar por pelo menos cinco dias para acessar a região. Sem dúvida, o estado mais remoto do país ainda tem muitos mistérios que os brasileiros ainda precisam desvendar.

Foto Boa Vista: jorgeBRAZIL no flickr

Rio Branco, desconhecida e atraente

Rio Branco, no estado do Acre, tem muito a oferecer aos visitantes

A capital mais ocidental do Brasil é também um dos destinos menos procurados por turistas. Apesar disso, a cidade de Rio Branco, no estado do Acre, tem muito a oferecer. Nos últimos anos, os governos estaduais e municipais e a iniciativa privada têm investido em obras de revitalização das diversas construções históricas da cidade. Novos centros culturais e, espaços de lazer surgem a cada dia na capital acreana. Mas, os próprios brasileiros ainda não têm uma verdadeira noção do que significa visitar este lugar. Rio Branco guarda aspectos importantíssimos da história do norte do Brasil. Desde os tempos da extração da borracha, o desbravamento da selva por migrantes nordestinos e sulistas, até a saga de Chico Mendes (1944-1988), que lutou até a morte pela preservação do meio ambiente e pela integração dos povos amazônicos. Por isso e muito mais, é interessante conhecer esta cidade.

Vale a pena conhecer o Memorial dos Autonomistas, cujo acervo reúne fotos, quadros e esculturas que relatam a história de um povo que lutou para ser brasileiro. Até o início do século XX, a região pertencia à Bolívia, embora fosse ocupada majoritariamente ocupada por brasileiros. Os conflitos armados entre a elite regional brasileira e o governo boliviano durante Revolução Acreana resultou na criação do Estado Independente do Acre, em 1903. Anexado ao Brasil, o território foi elevado à categoria de estado em 15 de Junho de 1962.

Para os interessados na história do ativista ambiental Chico Mendes, a dica é estender o passeio até a cidade de Xapuri, a 188 Km da capital. Neste município, é possível conhecer a casa de Chico Mendes, que ainda preserva suas características originais.

A Biblioteca da Floresta Ministra Marina Silva conta com um acervo que preserva a identidade dos povos indígenas, seringueiros nordestinos e comerciantes do Oriente Médio que ocuparam o território ao longo de sua formação histórica. Já a antiga área portuária (Calçadão da Gameleira) passou por um processo de reurbanização e atrai cada vez mais visitantes. As construções históricas dos séculos XIX e XX foram revitalizadas e transformadas em bares, centros culturais e restaurantes. A região é o principal ponto de badalação noturna de Rio Branco. Não deixe também de tirar uma foto na Passarela Joaquim Macedo, principal cartão postal da cidade.

Esta área do país, ainda desconhecida pela maioria da população brasileira, preserva 90% de suas florestas e está na região de maior biodiversidade do planeta. Rio Branco também é porta de entrada para a região andina da Bolívia e do Peru. Sem dúvida, é um lugar que merece toda a atenção do povo brasileiro.

Foto: Agencia de Noticias do Acre no Flickr