A Velha York: uma dama moderna com ares medievais

Vista aérea da York

York está situada nas confluências dos rios Ouse e Foss, ao norte do condado de Yorkshire, na Inglaterra. Fundada em 71 d.C. pelos romanos, chamava-se, então, Erboracum. Depois vieram os anglo-saxões, que a chamaram de Eoforwic e, finalmente, os vikings, que a batizaram de Jorvik. Foi apenas com a conquista normanda da região que esta adotou o nome que carrega até hoje – York.Todos estes povos deixaram marcas profundas na região, que incluem desde a arquitetura de seus prédios até a influência de suas respectivas línguas no vocabulário da língua inglesa.

Atualmente, pode-se dizer que a cidade de York, mesmo com seu centro histórico cercado por muralhas medievais, não está dando conta da mais nova orda de invasores – os turistas. Mas não é para menos. A cidade encanta logo à chegada. Notória por abrigar um imenso patrimônio cultural, herança de seus quase 2000 anos de história, a cidade atrai visitantes de todas as partes do mundo. É perfeita para quem quer conhecer melhor a história britânica e a influência cultural que recebeu  dos vários povos invasores, como também para aqueles que apenas desejam um final de semana romântico.

York é muito conhecida por sua requintada, e muito bem preservada, arquitetura, da qual seus habitantes tanto se orgulham, pelo emaranhado de ruas calçadas, com curiosas pedras arredondadas, e também pela famosa Catedral Gótica. Mas existem alguns lugares a serem visitados e que não são tão óbvios assim. A cidade de York é toda cortada por ruelas medievais, que foram preservadas do surto de modernidade, mas difíceis de serem ‘notadas’ pela maioria. Vale muito o risco de perder-se nestas vielas labirínticas e fugir da multidão.

Mas a rua que transformou-se num dos ícones da cidade de York seria a famosa Shambles. Localizada no centro histórico, foi eleita como a mais pitoresca de todo o Reino Unido. No século XIII, era na Shambles que os açogueiros de York mantinham suas casas comerciais. De estilo normando, estas casas-açougues tiveram seus andares superiores construídos de forma a projetar-se para a frente. A explicação é simples – proteger os produtos expostos nas vitrines, do sol que incidia, em determinados horários do dia, nos andares inferiores. Por isso, em alguns trechos da Shambles, tem-se a a impressão de que alguns andares superiores destes prédios estão a ponto de se tocar. Inclusive, é uma das únicas que ainda conserva vários prédios construídos no século XIII, bem como o traçado original – irregular e sinuoso – das ruas.

Shambles street, em York

Atualmente, a Shambles mantém sua vocação comercial. Porém, com produtos e estabelecimentos bastante diversos do que foram há algumas centenas de anos atrás. São vários restaurantes, pubs, cafés, lojas de souvenirs e artesanatos que fazem a alegria dos turistas.

Em 1066, York era uma região estratégica na defesa do norte inglês. Assim, William, o Conquistador, construiu na região dois castelos nos anos imediatos à sua conquista, sendo que o primeiro foi no ano de 1068. O objetivo era proteger a área daqueles que se opunham às conquistas normandas. Dos dois castelos nada restou. Entretanto, no ano 1245 foi construído, na mesma colina onde antes localizava-se um daqueles castelos, a de Torre de Clifford (Clifford`s Tower). Esta fortificação militar do século XIII, situada na zona leste de York, encontra-se num estado de conservação razoável e vale uma visita. Além do mais, o lugar proporciona uma visão panorâmica de boa parte da região.

Além de estratégica, York também teve grande importância religiosa para a fé cristã da época. O local hoje ocupado pela Catedral de York (York Minster) já deu lugar a diversas outras igrejas de estruturas rudimentares. A primeira delas, com estrutura de madeira, foi erguida no ano de 627, especialmente para o batismo do rei anglo-saxão Edwin da Notúmbria. Mas a atual catedral, a maior no estilo gótico do norte da Europa, começou a ser construída em 1220 e terminou apenas em 1470. Várias outras reformas foram feitas a partir daí, mas a estrutura original foi mantida.

Mesmo que não se pertença a qualquer religião, o ambiente austero da York Minster acaba nos conduzindo, quase sem querer, a uma atitude de reverência não às crenças em si, mas ao portentoso monumento. Para completar o painel, York Minster ainda conta com 128 vitrais medievais, sendo que alguns remontam ao século XII.

Depois da Catedral de York, a sugestão é uma visita ao Museu do Castelo de York. Este museu recriou a famosa rua vitoriana chamada Kirkgate, ladeada por casas de época, carruagens, luminárias a gás e bonecos de cera em tamanho real. É um verdadeiro mergulho na atmosfera da época.

Outra grande influência sobre a cultura da região foram os vikings, que a habitaram há 1000 anos. Trinta anos atrás, escavações arqueológicas revelaram um verdadeiro tesouro  – casas, oficinas e artefatos muito bem conservados, da época em que o povo viking dominou a região.

No local onde as escavações foram realizadas, vinte e cinco anos atrás foi construído o Centro Viking de Jorvik (Jorvik Viking Centre) (), que abriga uma cidade viking recriada para proporcionar uma experiência inesquecível aos seus visitantes. Durante o passeios, pode-se conhecer as casas em que viviam os vikings, ouvir conversas na língua que era falada por eles, sentir o cheiro das refeições sendo preparadas, observar o trabalho dos artesãos, dentre outros. Esse é o tipo de atração indicada para todas as idades.

A cidade ainda oferece várias outras opções de entretenimento e são muitos os locais considerados must see. Mas caso não disponha de muito tempo, pode ter certeza que os passeios aqui indicados lhe darão uma ótima idéia sobre este, que é um dos destinos mais procurados pelos turistas que visitam o Reino Unido.

É possível percorrer toda a cidade de York a pé. Além do quê, não há melhor forma de explorar a cidade e captar todas as nuances possíveis. Mas se preferir, há também alguns locais onde você pode alugar bicicletas. Apenas evite o carro ou acabará perdendo muito deste passeio.

Fotos: John-Morgan, no Flickr